Uma pequena analise sobre os movimentos do passe livre, a influencia do cinema e da cultura americana sendo linkada ao povão na rua, será que tem lógica? No meu mundinho esquizofrênico faz sentido.
O Movimento do passe livre não é nada de agora (sim, tenho que explicar isso pq muita gente foi pra rua por moda ou promoção pessoal) ela já existe a muitos anos, mas só em 2013 que tomou grandes proporções. Em 2004 participei pela primeira vez do movimento quando residia em porto alegre, na época não juntávamos mais de 3 mil pessoas. Mas o que mudou? O que elevou de 3 mil para 20 mil aqui em Porto Alegre e números maiores ainda em São Paulo e no Rio de Janeiro? Enfim, o crédito da luta se deve a quem está a organizando a mais tempo, então tem muito mérito dos movimentos estudantis, sindicatos e semelhantes que sempre estiveram lá, esses merecem aplausos. Mas será que é só isso? Claro que não, tem muito mais por trás de um movimento destes, além da mídia que sempre influí um enorme peso sobre as cabeças não tão pensantes, também temos toda a cultura dos enlatados da gringa que pesam sobre nossos ombros.
O primeiro fato é a vitória na redução da tarifa em Porto Alegre, que serviu de exemplo para os outros estados aumentarem seus números. Depois tem que ser dado crédito as filmadoras, afinal se vê no jornal e se comenta no facebook. A globo começou atacando as manifestações com as duas mãos, mas com a ampla divulgação das mesmas na emissora foi se tornando mais "popular" e aumentando o número de manifestantes a cada ato, o que fez a rede globo tentar virar o foco e usar os manifestos como uma forma de ataque ao governo federal (mesmo sabendo que a passagem é definida por municípios) então a cada manifesto as câmeras da plin plin tentavam pegar sempre o ângulo de cartazes mais ofensivos ao governo federal e ir tirando o passe livre de campo aos poucos.
Para mim o fator mais preocupante, até mais preocupante que a Globo, é o peso da influencia do cinema estrangeiro nas mentes de nossas gerações. Che Guevara?
Marighela? La Marca? Que nada... o exemplo pra vida real é o "cara do V de Vingança" ... Cara do V de Vingança? Puta que pariu.
Para os fãs do Alan Moore segue as palavras do próprio que achava estranho ver pessoas na rua usando mascaras de direitos autorais da universal para se dizerem protestantes. Claro que sempre rola aquela pirataria básica. Mas enfim, dos quadrinhos para o filme existe uma diferença bem gritante quanto ao protagonista, o próprio autor assumiu isso também em entrevista. Para quem é fã a única coisa que sobrou é surtar, ver aquela obra que ele sempre gostou se tornar a modinha distorcida de uma nova geração. Influência no protesto? Sim, na minha opinião absolutamente. Por que assim como a onda do filme e o sucesso do anon na gringa, se criaram grupos tentando adaptar a ideia (do filme, não do gibi) e surgiu os guerrilheiros virtuais no facebook (existiam já no orkut mas haviam tomado doril) se passando por "anon". A onda de revolta que o filme passa contra um governo tirano e ditador que matava a própria população para gerar um caos tentava ser adaptada a realidade brasileira através das redes e isso foi um pontapé inicial. Mas claro que a diferença de período entre o filme e os manifestos é grande, mas teve uma segunda obra que saiu exatamente no mesmo período, que fala sobre guerra, sobre tirania, sobre revolução, miséria, bem feitores, sobre mártires e tem canções edificantes sobre isso tudo. Esse é o ponto que revisitamos Victor Hugo. A obras mais que épica os miseráveis encantou e ainda encantará gerações. Claro que mais uma vez assim como no V de Vingança existe uma diferença quilométrica entre o Livro e suas adaptações para as telinhas e palcos de teatro. Mais exatamente no mês que o Brasil "pegou fogo" ou que o tal do "gigante" acordou sabe se lá de qual sono, foi quando bombava por aqui o musical os miseráveis com Hugh
Jackman e grande elenco. A mega produção passou só nos cinemas mais "alto nível" (esses que fazem o GNC parecer ninho de pulga) mas mesmo assim rodou bastante pela internet, afinal podia se baixar o filme em qualidade de DVD um mês antes de chegar no cinema já, graças a uma versão do filme entregue para ser avaliada em premiações que vazou.
O Filme é lindo, é bacana, causa algumas revoltas em quem assiste, emociona e blá blá blá, mas a questão é uma canção e uma parte dele que é as barricadas dos estudantes que querem derrubar o monarca da frança que deixa o povo na miséria. Essa música faz subir os pelos dos braços, a cena é emocionante e ela foi traduzida para português durante as manifestações (vídeos abaixo).
Coincidências? Realidades? Vai saber, na minha opinião sim, tudo tem sentido. Não tiro o mérito de quem luta já a um bom tempo por um país melhor, muito menos dos novos chegados que aderem essa luta todos os dias, mas ir pra rua pra dizer que faz parte de algo que só conhece pelos olhos da mídia? sem chance. Precisamos sim de povo na rua, precisamos sim das massas populares clamando por mais, porque elas merecem mais, o ser humano merece, mas formação política via rede globo e filme gringo? Ai é pra f....
Versão original Legendada da musica :
Versão Brazuca traduzida pros protestos: